Media, gender and the past: qualitative approaches to broadcast audiences and memories

Despite its promised richness, researching past reception has received less attention from scholars than other aspects of media history, such as the retrospective study of media genres, organizations and technologies. This volume aims to contribute to a better knowledge of this neglected field, both by reflecting about theoretical questions and by presenting empirical data. Transformations that occurred throughout the 20th century have to be understood within a history of permanent social re-contextualisation of the media in the changing scenarios of everyday life, where gendered questions make up an important part. The history of media uses and representations also requires scholars to face complex questions about memory, as a mediator in research about the past, but also as an object of study on its own. Memory is a crucial topic, as it calls attention to the processes of meaning-making in which audiences engage through successive acts of re-appropriation of media texts

Is the Discourse of Hybridity a Celebration of Mixing, or a Reformulation of Racial Division? A Multimodal Analysis of the Portuguese Magazine Afro

For many years the study of "race" relations was dominated by paradigms—of assimilationism and multiculturalism—which highlighted difference and division (as a problem, or a virtue). In more recent years the idea of racial and cultural mixing—creolization or hybridization— has become an important concept in ethnic and racial studies. The starting point of this article is the observation that the idea of racial and cultural mixture—hybridity or mestiçagem—was a key ideological feature of Portuguese colonialism in its last decades. If hybridity is not therefore a new discourse in Portugal, what is the place for it today and what kind of hybridity is being referred to? What might the Portuguese case tell us about discourses of hybridity more generally? The article explores these questions through a combined visual and linguistic analysis of the lifestyle magazine Afro as a site where contemporary discourses about "race" intertwine.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

Da representação mediática à recepção política: discursos de uma minoria

Os descendentes de cabo-verdianos formam o primeiro grupo de origem imigrante com grande número de adultos nascidos em Portugal. São, por isso, particularmente significativos os seus discursos sobre reconhecimento, inclusão ou resistência na sociedade portuguesa, sendo a recepção mediática um terreno propício à enunciação destas questões. Baseado em entrevistas acerca das suas representações nos média, este texto examina os discursos de jovens de ascendência cabo-verdiana e as suas implicações políticas, em articulação com o tema da identidade e tendo em conta que a recepção dos média é, ela própria, mediada por contextos socioculturais.The descendants of Cape Verdeans make up the first group of migrant origin having a large number of adults born in Portugal. Thus their discourses on recognition, inclusion or resistance in Portuguese society are particularly significant, and media reception provides a field for the enunciation of such issues. Based on interviews about their representation in the media, this text examines discourses of youngsters of Cape Verdean descent and their political implications, linking them with identity questions and conceiving media reception as being itself mediated by social and cultural contexts.Les descendants de Capverdiens sont le premier groupe issu de l’immigration qui compte grand nombre d’adultes nés au Portugal. Leurs discours sur la reconnaissance, l’insertion ou la résistance sont donc particulièrement significatifs et la réception médiatique constitue un terrain propice à l’approche de ces questions. Basé sur des entretiens autour de leurs représentations dans les médias, ce texte analyse les discours de jeunes d’origine capverdienne et leurs implications politiques, en articulation avec le concept d’identité et en tenant compte que la réception des médias est elle-même influencée par les contextes socioculturels.Los hijos de caboverdeanos forman el primer grupo de origen inmigrante con un gran número de adultos nacidos en Portugal. Sus discursos acerca del reconocimiento, la inclusión o la resistencia en la sociedad portuguesa son, por lo tanto, muy significativos, y la recepción mediática es un campo favorable a la discusión de estas cuestiones. Basado en entrevistas sobre sus representaciones en los medios de comunicación, este texto analiza los discursos de jóvenes de ascendencia caboverdeana y respectivas implicaciones políticas, articulando el análisis con el concepto de identidad y teniendo en cuenta que la recepción mediática es, en simultáneo, mediada por contextos socio-culturales

For a historical approach in the sociology of the press, remembering Robert Park

Valorizando o conhecimento de teorias e autores clássicos na história da comunicação, este artigo revisita Robert Park pelo prisma do historicismo que caracteriza o seu pensamento acerca da imprensa e examinando, em particular, o texto “A história natural do jornal”, publicado há cem anos, em 1923. Ao propor uma articulação fundamental entre história e teoria social e ao ser, em simultâneo, pioneiro a colocar a comunicação no centro da análise, este sociólogo da Escola de Chicago merece um lugar de relevo na história dos estudos históricos sobre os media. Nascido no século XIX, a sua própria biografia, jornalística e académica, se entrelaça significativamente com as mudanças sociais da época.Valuing the knowledge about classical theories and scholars in communication history, this article revisits Robert Park by underlying the historicism in his thought about the press and by examining especially the text “The natural history of the newspaper”, published one hundred years ago, in 1923. By proposing a fundamental articulation between history and social theory and, at the same time, placing communication at the core of his analysis, this prominent Chicago School sociologist deserves a special place in the history of historical studies on the media. Born in the 19th century, his own biography intertwines meaningfully with social changes in journalism and society.Valorando el conocimiento de las teorías clásicas y de los autores de la historia de la comunicación, este artículo retoma a Robert Park subrayando el historicismo de su pensamiento sobre la prensa y examinando, en particular, el texto “La historia natural del periódico”, publicado hace cien años, en 1923. Al proponer una articulación fundamental entre historia y teoría social y siendo, al mismo tiempo, pionero en situar la comunicación en el centro del análisis, este sociólogo de la Escuela de Chicago merece un lugar destacado en la historia de los estudios históricos de los medios. Nacido en el siglo XIX, su propia biografía, periodística y académica, se entrelaza significativamente con los cambios sociales de su época.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

Desencantamento de uma profissão: Representações do repórter (tendência estagiário) no romance português

O artigo pega em representações do repórter em três romances portugueses das últimas décadas e procura não só analisar as personagens e os enredos, mas também articular as circunstâncias ficcionais com os contextos reais do jornalismo português nos períodos em que as obras foram escritas. A linha do tempo em que vão surgindo sucessivamente os repórteres romanceados por Clara Pinto Correia, Mário de Carvalho e Lídia Jorge, dos anos 80 à década de 2010, é também um arco temporal em que a profissão de jornalista em Portugal se autonomiza, se expande, se qualifica, se segmenta, se desdobra e se precariza, num movimento paradoxal cujos traços quotidianos é possível discutir através das personagens literárias.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

Where does the Columnist go by? Exploring Narrative Crónica in Portuguese Quality Newspapers

Género com tradição na imprensa portuguesa, pouco se sabe de empiricamente sistemático acerca do espaço da crónica nas últimas décadas, quais as suas transformações e tendências, qual a relação entre as suas vertentes de opinião e de narração. Este artigo explora o seu trajeto em jornais de referência, através de uma análise longitudinal ao Diário de Lisboa e ao Público em que se analisa uma amostra de 378 textos publicados entre 1959 e 2019. A análise foca-se especialmente no polo narrativo, ou de relato, cujo interesse epistemológico se prende com as suas potencialidades ímpares dentro do jornalismo. Os resultados apontam para uma crescente codificação deste género e, apesar de uma frequente hibridação entre relato e comentário, uma hegemonia atual da opinião no terreno da crónica. Entre as crónicas da autoria de jornalistas, diminui a percentagem de textos dominados por um registo narrativo, assim como os relatos baseados na observação direta do quotidiano.A traditional genre within the Portuguese press, research about the crónica has not produced systematic empirical evidence on its expansion or decrease in the latest decades, on which have been its trends and changes, and on what are the shares between its opinion and narration variants. This article explores this genre’s path in quality newspapers through a longitudinal analysis of Diário de Lisboa and Público, in which a sample of 378 texts published between 1959 and 2019 is analysed. The analysis focuses mainly on the narrative pole, epistemologically interesting for its unique potential in journalism. The results point to a growing codification of this genre, and, despite a frequent hybridization between narration and commentary, to the actual hegemony of opinion in the field of crónica. Among the texts authored by journalists, there is a decrease in the percentage of texts dominated by a narrative, as well as the in reports based on direct observation of everyday life.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

Jornalismo em tempos de flexibilização do trabalho

O conceito de flexibilização abarca vários sintomas de um longo quadro de dinâmicas económicas, mediáticas e tecnológicas que se cruzam e se vêm repercutindo sobre o jornalismo e que podemos observar como um triplo processo que o vem maleabilizando ao nível (1) das condições laborais, (2) dos processos de trabalho e (3) do próprio campo profissional. Uma nova fase do “capitalismo jornalístico” parece ter invertido um processo secular de especialização dentro de organizações coletivas que, ao contrário de outras “indústrias”, não era uma fragmentação técnica, mas uma especialização cognitiva e intelectual. No seu lugar, implementa-se um conjunto de procedimentos flexíveis destinados a aumentar a eficiência e que se centram nos aspetos da atratividade, da quantidade e da velocidade, onde a inovação tecnológica joga papel preponderante. Estes processos estão a provocar a desvalorização do trabalho de uma parte considerável dos profissionais, afunilando também o acesso e dificultando o reconhecimento profissional dos mais jovens.The notion of flexibilization encompasses several symptoms of a long chain of dynamics in the economy, in the media and in technologies, whose effects interlock and resonate over journalism as a triple process of malleability in (1) labour conditions, (2) working procedures and (3) the professional field. A new stage of “capitalistic journalism” seems to have reverted a secular process of specialization within journalistic organizations, which, distinctively from other “industries”, was not a technical fragmentation, but rather a cognitive and intellectual specialization. A set of flexible procedures aiming to raise efficiency have been put in place with a focus on attractiveness, quantity, and speed, where technological innovation is paramount. Such process devalue journalistic work, render difficult the access to the job and hinder professional recognition for youngsters.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

A crónica como género jornalístico e o emergir do subgénero “do quotidiano”

Como género jornalístico pouco codificado, a crónica sofre de várias ambiguidades ligadas aos contextos históricos e culturais em que foi sendo praticada e que, no caso português, se manifestam na falta de consenso que subsiste dentro do campo profissional. Neste artigo, procuramos situar a crónica dentro da(s) cultura(s) jornalística(s) e dar-lhe algum enquadramento histórico, focando-nos especificamente no que consideramos um subgénero formado durante o século XX, a crónica “do quotidiano”, da qual examinamos, no Diário Ilustrado de 1956, uma manifestação particular do seu processo de formação em Portugal. Antes disso, a primeira parte do artigo recenseia os sentidos que são dados atualmente à crónica e revisita de forma breve as suas origens em Portugal.As a journalistic genre, “crónica” has been ambiguously defined along different historical and cultural contexts, and still lacks consensus within the professional field in Portugal. In this paper, we try to situate it according to diverse journalistic cultures and give it some historical framing, focusing on the formation of a specific subgenre – the everyday life chronicle – through a particular case from the Portuguese newspaper Diário Ilustrado in 1956. Previously, we identify the various meanings given to the “crónica” in journalism and briefly recall its origins in Portugal

Contribution for the idea of audience in early Portuguese TV

O processo histórico de construção de uma audiência televisiva inclui as representações e os discursos que sobre ela se publicam. Este artigo observa o período inicial da televisão portuguesa, em busca de compreender qual a concepção de audiência que vigorava no salazarismo. Com base na imprensa televisiva da época, cruzamos discursos com origens diversas: nos círculos oficiais e na RTP; nos observadores jornalísticos; nas elites intelectuais; nos próprios telespectadores, que por um momento emergem como público interventivo. Num cenário em que os profissionais dos media tendem a dizer aos espectadores como se deviam comportar e os espectadores tendem a dizer aos produtores como a televisão devia ser, assiste-se a uma competição e a uma negociação entre duas concepções de audiência.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

A mulher do espectador implícito: a audiência feminina nos primórdios da TV portuguesa

Este artigo é um subsídio para a história das ideias de audiência. Com base na imprensa da época, procura-se compreender qual a concepção de audiência feminina proposta nos discursos públicos durante a fase inicial da televisão portuguesa (de 1957 a meados dos anos 60). O contexto de ditadura e a cultura patriarcal vigente enquadram a construção ideológica da mulher como receptora subalterna, mais no papel de esposa e mãe do que de pessoa autónoma, e dão ao conjunto de espectadoras o caráter de nicho de audiência, mas não de público.info:eu-repo/semantics/publishedVersio